Londres - novembro de 2011
Sempre tive vontade de conhecer Londres de tanto que meu
pai sempre falava. E a minha viagem foi programada em menos de uma hora. Isso
mesmo!
Dormi tarde na sexta feira depois de um show do Paralamas do Sucesso na Embaixada do Brasil. No sábado, tudo que eu precisava era dormir até meio dia. Mas não deu! Fui acordada pelo Bruno dizendo que o Edson tava me chamando
na sala pra resolver alguma coisa. Levantei com a maior má vontade do mundo.
Ele ia viajar a trabalho para Londres naquele dia. E quando eu cheguei na sala,
estava comprando a minha passagem. O detalhe é que não tinha mais vaga no seu
voo e queria saber se tinha problema eu ir em outro. O voo seria as cinco da
tarde. Sério? Topei!
Comecei a correr pela casa porque já era quase uma
da tarde. Eu tinha que arrumar uma mala, tomar banho, almoçar e deixar milhares
de instruções para os meninos. Lembro que saímos para almoçar na esquina e eu
estava com um caderno na mão escrevendo "as instruções" enquanto comia.
Maior trânsito na cidade e eu cheguei em cima da hora no
aeroporto. Quase perdi o voo. Minha conexão era no Rio e a do Edson, em São
Paulo. Mas a gente chegaria em Londres com diferença de cinco minutos ou
menos.
Desembarquei em Londres e estava na fila da imigração
quando comecei a observar algo estranho. Todas as pessoas na fila estavam
segurando o passaporte e vários outros documentos juntos. Um movimento de gente
conferindo todos os documentos muitas vezes. E eu, segurando apenas o meu
passaporte. Um moça que estava ao meu lado, com sua curiosidade, perguntou se
eu era moradora. Já sabia que eu era brasileira porque esbarrou em mim e pediu
desculpas em português. Eu respondi e falou mais alguma outra coisa rápida.
Bem, eu disse que não. Estava como turista. E perguntou se eu estava com os
documentos em dia. Como assim? O que eu precisava além do passaporte?
Naquela semana havia saído um decreto, ato normativo ou uma
ordem da rainha. Para entrar em Londres, a pessoa deveria ter em mãos todos os
documentos referentes a sua estadia. Comprovante de passagem de regresso,
documento de trabalho, reserva do hotel, carta de universidade, carta convite de algum residente enfim,
apresentar tudo. E eu não sabia a data de retorno, não tinha a passagem e não
fazia a menor ideia de onde ficaria hospedada. Já estava até me vendo sentada
em uma sala aguardando alguém brigar muito comigo e me mandar de volta.
Simplesmente, falei pra ela que não tinha nada e contei meu
caso todo. Aquele anjo pensou uns minutos e disse que era secretária de turismo
de alguma capital do nordeste e estava indo para um evento. Ou seja, ela estava
com todos os documentos. Falou pra eu ficar ao lado dela conversando e, quando
chegasse a nossa vez, se o guichê fosse com homem era pra eu ir. Se fosse
mulher, ela iria. Achava que um funcionário homem seria mais gentil comigo. E
ainda soltou a pérola: você vai saber explicar tudo isso em inglês, né? Claro
que não! Meu inglês capenga, jamais serviria pra resolver esse problema. Então
ela sugeriu que eu já chegasse pedindo, por favor, um intérprete. Fala se essa
pessoa não era um anjo na fila?
Na nossa vez, quando apareceu o número do guichê no painel,
vimos que era um homem. Encarei. Cheguei, educadamente, pedindo um intérprete e
fui atendida. E aí começou a novela. O sujeito pergunta, o intérprete me fala,
eu respondo e ele traduz. O que você veio fazer em Londres? Turismo. O meu
marido, que está chegando em outro voo, veio a trabalho e estou acompanhando.
Que dia você retorna? Eu não sei a data. Ele comprou a passagem mas não me
disse. Só sei que vou ficar uma semana. Acho que volto no próximo domingo. OK.
Onde você vai se hospedar? Meu Deus! Mais uma pergunta sem resposta. Eu disse
que também não sabia porque o meu marido (cadê esse marido?) que tinha feito a
reserva. E era cada arregalada de olho que o sujeito dava. Eu já não sabia mais
onde enfiava minha cara. Por último, ele vem com a seguinte pergunta: porque
você tem um passaporte oficial? E eu respondi que meu marido trabalhava na
argentina a serviço do governo brasileiro. Ele olhou bem nos meus olhos. Eu
gelei e só vi aquele carimbo ser batido com força no meu passaporte. Fechou, empurrou
e disse: "have a nice day".
Que sufoco!! Enfim, peguei a mala e achei o Edson me
esperando na sala de desembarque. Na verdade, ele estava no telefone de
informação pedindo pra falar com alguém da imigração quando me viu saindo por
aquela porta encantada.
Bem vinda a Londres. Quando saí correndo de
Buenos Aires pedi ao Bruno pra me fazer uma programação de uma semana. Assim
que cheguei no hotel, vi meu e-mail e lá estava meu roteiro londrino e eu segui
direitinho. Mas , eu tinha dois sonhos antigos: conhecer a Harrods e a Selfridge. Elas eram
muito mais do que eu imaginava. Como era o final de novembro, estavam
enfeitadas para o Natal da maneira mais linda.
O paraíso das frutinhas vermelhas na Harrods |
"Dominei" a cidade e fui a
todos os lugares, incluindo, é claro, Nothing Hill. Passei duas tardes
explorando cada ruazinha desse bairro. Entrei na livraria, claro!
Que cidade
incrível. A mistura equilibrada e perfeita do antigo, e bem conservado, com o
que tem de mais moderno. Visitei vários bairros, supermercados, lojas,
restaurantes, museus e o parlamento. A Rainha tava no seu palácio de verão e o
nosso chá ficou pra outro momento. Mas a Cândida e o Carlos estavam disponíveis
e conseguimos nos encontrar duas vezes. Jantamos na casa deles uma noite e, no domingo, tivemos um
brunch num lugar muito bom. Difícil não se encantar com a beleza dessa cidade.
Como já disse, a minha entrada em Londres foi um pouco
tensa. Então, o Edson resolveu trocar a minha passagem de retorno para a primeira classe.
Uau!!! Que luxo! Só que eu tinha que ir um dia lá no aeroporto pra atualizar a
senha pessoalmente no balcão por causa de algum erro. Levei, por escrito, tudo que eu
deveria falar pra não ter problema com o inglês. Fui bem cedo pra me livrar
logo do compromisso. Peguei o metro pra aquela lonjura do aeroporto. Quando eu
cheguei lá, não achava o balcão da empresa aérea. Andei, voltei, olhei, segui placas
e nada. O meu "script" era para o problema que eu ia resolver e não
para problemas adicionais.
Começou a saga da brasileira que não fala inglês no
aeroporto. Passei por várias pessoas e todas com boa vontade. E, seguia
tentando descobrir alguém que falasse português ou que me ajudasse a entender
onde estava o balcão. De repente eu vi um menino com uma camiseta escrito
"May I help you?" Quase agarrei o menino que passou correndo na minha frente. Expliquei
e ele me entendeu numa boa. Ou pelo menos, pareceu entender. Pediu pra esperar
um pouco. Sumiu e voltou com um telefone na mão. Discou, falou pra pessoa que
ia passar uma senhora que precisava de uma orientação em português. Na verdade,
o meu inglês é ruim (era, melhorou um pouco) pra falar. Entendo tudo. Peguei o
telefone, me apresentei e comecei a falar. Ela ficou sem saber me responder.
Disse que ia fazer umas consultas. E eu falei, onde você está? Quer que eu te
encontre pra explicar melhor? Ela disse assim: estou na minha casa. Hoje é
minha folga. Pedi mil desculpas, fiquei sem graça. E ela falou: tenho o maior
prazer em te ajudar. Fique calma. Já estou descobrindo o que aconteceu. Que
fofa!! Mais gentileza, impossível.
Bom, o problema é que o balcão só iria abrir as quatro da
tarde e, de fato, não tinha nenhuma placa indicativa da sua direção. Nessa
brincadeira, já era quase meio dia. Ela sugeriu que eu esperasse pra não ter
que fazer aquela viagem tão longa. Agradeci muito. Ela não era brasileira e sim
portuguesa. Sentei e esperei calmamente. Afinal de contas, uma passagem na
primeira classe valia qualquer espera.
Remembrance day - na semana de 11 de novembro |
As fotos estão no álbum do Google fotos
- 2011 Londres
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